novembro 12, 2010

ALCOOLISMO: UMA GRANDE E GRAVE DOENÇA

A Organização Mundial de Saúde (OMS) considera o alcoolismo como a doença que mais mata no mundo. O alcoolismo é uma doença crônica e se caracteriza pela necessidade incontrolável da ingestão de álcool contido em diversos tipos de bebidas tais como vinho, cerveja, vodca, a tradicional pinga (cachaça), o “nobre” escocês uísque entre outras formas de apresentação deste vilão. O alcoolista é caracterizado como uma pessoa que eventualmente, mas de forma recorrente, tem problemas por causa do exagerado consumo de álcool em curtos períodos de tempo.

Para se fazer esse diagnóstico é preciso que a pessoa esteja tendo problemas com álcool durante pelo menos 12 meses e ter reações relacionadas às seguintes situações: prejuízos significativos no trabalho, escola ou família como faltas ou negligências nos cuidados com os filhos; exposição a situações potencialmente perigosas como dirigir ou manipular máquinas perigosas embriagado; problemas legais como desacato a autoridades ou superiores; perdas materiais; persistência no uso de álcool apesar do apelo das pessoas próximas em que se interrompa o uso.
Os alcoólicos tornam-se mais expostos a infecções porque suas células de defesas são em menor número.
As causas do alcoolismo podem estar ligadas à hereditariedade, onde filhos de alcoólicos podem se tornar dependentes de álcool com mais facilidade. Fatores psicológicos, como a auto-estima negativa, problemas financeiros, depressão e timidez, também podem dar início ao vício de consumir bebidas alcoólicas. Alguns fatores sociais com destaque, apesar da legislação, para a facilidade de acesso a este tipo de bebida, o estilo de vida estressante e o incentivo do consumo através da mídia. Prova disso é que, embora cerca de 10% da população brasileira seja de alcoolistas, a AMBEV comemora o aumento no consumo de bebidas alcoólicas e promete investir 2 bilhões de reais para aumentar ainda mais a oferta de bebidas desta natureza.
Lamentavelmente, um dos fatores que leva muitos jovens a beber mais cedo é o fato de possuirem uma rotina sem limites. Às vezes, sem conhecimento dos pais, uma grande quantidade de jovens em idade escolar tem acesso livre a bebidas alcoólicas em festas ou bares. Eles não vêem a bebida como algo ruim por causa da legalidade e do fácil acesso.
O jovem cria um hábito de beber e, até que seja motivo de preocupação, é apenas considerada uma atitude normal do jovem, socialmente falando. Entretanto o vício se instala silenciosa e progressivamente, até que em certo momento o usuário não consegue mais parar de consumir o álcool, e até para ter alegria não consegue controlar o impulso de se manter sob os poderes dos efeitos do álcool, tornando-se um verdadeiro escravo. Têm os que asseguram que param quando querem. Ledo engano! O organismo grita por mais e mais tragos, acabando em muitos estragos.
O alcoolismo tem como consequências a perda da capacidade de julgamento, alteração na coordenação motora, prejuízo da memória, presença de tremores, confusão mental, impotência sexual, interrupção dos ciclos menstruais, infertilidade, alterações neurológicas, cardiológicas, inflamação do pâncreas (pancreatite), doenças hepáticas (cirrose hepática, hepatite alcoólica), entre outros prejuízos físicos e psíquicos. Convém ressaltar que na gravidez a síndrome alcoólica fetal pode causar sérios problemas ao desenvolvimento do feto.

Infelizmente, no Brasil, principalmente em alguns municípios baianos, de forma sutil, inclusive em Cairu-Ba, fazem até apologia ao uso de álcool e inexistem campanhas dos órgãos de saúde que conscientizem as pessoas dos malefícios do consumo dessa potente droga. Outro dia tive a infelicidade de me deparar na vitrine de uma lojinha com uma camiseta estampando a seguinte frase: “PENSEI EM PARAR DE BEBER, CHEGUEI EM BOIPEBA, TOMEI TODAS”. Disfarçando minha indignação demonstrei falso interesse e indaguei à funcionária sobre o produtor da tal camisa, sendo informada que se tratava de um serigrafista do Morro de São Paulo.


SINAIS DA DEPENDÊNCIA
Após a interrupção do consumo de álcool a pessoa passa a apresentar sudorese (suor) excessiva, aceleração do pulso (acima de 100), tremores nas mãos, insônia, náuseas e vômitos, agitação psicomotora, ansiedade, dor de cabeça, convulsões, alucinações táteis. Esses sinais só desaparecem com mais consumo de álcool. O alcoolista tem dificuldade de interromper o uso de bebidas, apesar dos problemas e prejuízos gerados como perda do emprego e das relações familiares.

ALCOOLISMO: UMA DOENÇA PARA A FAMÍLIA E A SOCIEDADE
Há razões, nem sempre evitáveis, para que um jovem se deixe seduzir pelo uso de entorpecentes. Mas a família pode ajudar, e muito. Os pais precisam compreender e aceitar que o perigo nem sempre vem de fora. Na maior parte das vezes, ele se encontra dentro da pessoa que desenvolve o vício, disfarçado de carências que, muitas vezes, pais poderiam suprir. Não existe maneira de uma família se blindar contra a ameaça. É preciso conscientizar, exigir responsabilidades dos filhos e estabelecer limites.
O alcoolismo é uma doença e deve ser tratado. Além do tratamento médico e psicológico os dependentes de álcool devem receber apoio dos familiares, amigos, e da sociedade, para sua recuperação, que uma vez abandonando-se o preconceito e a ignorância sobre o assunto, poderão ajudar os dependentes a resgatarem a saúde e a dignidade.

MALEFÍCIOS DA INGESTÃO DE ÁLCOOL
Intoxicação
O estado de intoxicação é simplesmente a conhecida embriaguez, que normalmente é obtida voluntariamente. No estado de intoxicação a pessoa tem modificação da fala (fala arrastada), alteração motora, instabilidade no andar, fica com olhos oscilando no plano horizontal como se estivesse lendo muito rápido, prejuízos na memória e na atenção, consciência ou sensibilidade apenas parcial, ou coma nos casos mais extremos.
Além disso, os alcoolistas ao fazerem testes mais específicos em determinadas áreas do funcionamento mental, como a capacidade de resolver problemas, pensamento abstrato, desempenho psicomotor, memória e capacidade de lidar com novidades, costumam apresentar problemas. Mesmo em testes ligados a atividades desempenhadas diariamente e não situações especiais ou raras. Este resultado mostra que os testes superficiais deixam passar comprometimentos significativos. Os testes neuropsicológicos são mais adequados e precisos na medição de capacidades mentais comprometidas pelo álcool.
Até no cérebro dos alcoolistas ocorrem modificações na estrutura apresentada nos exames de tomografia ou ressonância, além de comprometimento na oxigenação dos órgãos.
Abstinência
As primeiras abstinências alcoólicas são menos intensas e perigosas.
A síndrome de abstinência constitui-se no conjunto de sinais e sintomas observado nas pessoas que interrompem o uso de álcool após longo e intenso uso. As formas mais leves de abstinência se apresentam com tremores, aumento da sudorese, aceleração do pulso, insônia, náuseas e vômitos, ansiedade depois de 6 a 48 horas desde a última bebida. A síndrome de abstinência leve, na maioria das vezes, limita-se aos tremores, insônia e irritabilidade. A síndrome de abstinência torna-se mais perigosa com o surgimento do delirium tremens. Nesse estado o alcoolista apresenta confusão mental, alucinações, convulsões. Geralmente começa dentro de 48 a 96 horas a partir da última dose de bebida. Dada a potencial gravidade dos casos é recomendável tratar preventivamente todos os alcoolistas para se evitar que tais síndromes surjam.
Para se fazer o diagnóstico de abstinência, é necessário que o alcoolista tenha pelo menos diminuído o volume de ingestão alcoólica, ou seja, mesmo não interrompendo completamente é possível surgir a abstinência. As abstinências tornam-se mais graves na medida em que se repetem, ou seja, um dependente que esteja passando pela quinta ou sexta abstinência estará sofrendo os sintomas citados mais intensamente, até que surja um quadro convulsivo ou de delirium tremens.
Delirium Tremens
O Delirium Tremens é uma forma mais intensa e complicada da abstinência. É um diagnóstico inespecífico em psiquiatria que designa estado de confusão mental: a pessoa não sabe onde está, em que dia está, não consegue prestar atenção em nada, tem um comportamento desorganizado, sua fala é desorganizada ou ininteligível, à noite pode ficar mais agitado do que de dia. A abstinência e várias outras condições médicas não relacionadas ao alcoolismo podem causar esse problema. Dentro do estado de delirium da abstinência alcoólica são comuns os tremores intensos ou mesmo convulsão. Um traço comum no delírio tremens, nem sempre presente são as alucinações táteis e visuais em que o alcoolista vê insetos ou animais nojentos próximos ou pelo seu corpo. Esse tipo de alucinação pode levar o alcoolista a um estado de agitação violenta para tentar livrar-se dos animais que o atacam. Pode ocorrer também uma forma de alucinação induzida, por exemplo, se é perguntado ao alcoolista se está vendo as formigas andando em cima da mesa sem que nada exista e ele passa a ver os insetos sugeridos.
O Delirim Tremens é uma condição potencialmente fatal, principalmente nos dias quentes e nos alcoolistas debilitados. A fatalidade quando ocorre é devida ao desequilíbrio hidro-eletrolítico do corpo, cuja causa mais comum é a insuficiência renal.
Efeitos sobre o cérebro
O álcool pode provocar lesões difusas no cérebro prejudicando além da memória a capacidade de julgamento, de abstração de conceitos; a personalidade pode se alterar, o comportamento como um todo fica prejudicado. A pessoa torna-se incapaz de sustentar-se.
Os resultados de exames de necropsia mostram que alcoolistas com história de consumo prolongado e excessivo de álcool têm o cérebro menor, mais leve e encolhido do que o cérebro de pessoas sem história de alcoolismo.
Consequências corporais
À medida que o alcoolismo avança, as repercussões sobre o corpo se agravam.
Os órgãos mais atingidos são: o cérebro, trato digestivo, coração, músculos, sangue, glândulas hormonais e o envelhecimento precoce em função da desidratação celular.
omo consequências o alcoolista pode apresentar problemas como: a perda da capacidade de julgamento, alteração na coordenação motora, prejuízo da memória, presença de tremores, confusão mental, impotência sexual, interrupção dos ciclos menstruais, infertilidade, alterações neurológicas, cardiológicas, inflamação do pâncreas (pancreatite), doenças hepáticas (cirrose hepática, hepatite alcoólica) processo irreversível que causa a morte, entre outros prejuízos físicos e psíquicos. Convém ressaltar que na gravidez a síndrome alcoólica fetal pode causar sérios problemas ao desenvolvimento do feto. Vale frisar que o desenvolvimento de patologias cardíacas pode levar 10 anos por abusos de álcool e ao contrário da cirrose não pode ser revertida com a interrupção do vício.
Isolamento e solidão
Muitos pais acham que os transtornos familiares chegam ao fim assim que conseguem alimentar e educar os filhos. Entretanto, mais do que falhas na educação, o consumo de drogas pode refletir uma série de insatisfações existenciais do jovem. O isolamento - e não as baladas noturnas – é o sinal mais comum de que um jovem está entrando nas drogas. Ele deixa de ter amigos. O tratamento do problema não pode ser imposto ao adolescente e a solução passa por estratégias que motivam ao reconhecimento do vício.
Cooperação é algo que um viciado em drogas não tem condições de oferecer. Ele não consegue pensar da maneira correta e isso é um sintoma da própria doença. Especialistas são unânimes em afirmar que os pais devem estar presentes durante o tratamento. A melhor combinação para tratar o vício pode ter terapia, medicamentos e grupos de ajuda. Mas, se incluir os pais, funciona melhor ainda.

ALCOOLISMO: O QUE AS ESTATÍSTICAS REVELAM
No Brasil, 80% dos adolescentes já beberam alguma vez na vida e 22% dos jovens estão sob risco de desenvolver dependência de álcool. O que os pais podem fazer?
Dados do AA (Alcoólicos Anônimos) revelam que cada vez mais aumenta o número de jovens que consomem muito álcool e há uma preocupação, do ponto de vista médico, porque isso ocorre cada vez mais cedo.
As drogas não seduzem tão facilmente as pessoas que são cobradas, infelizmente alguns pais andam errando bastante na educação dos filhos. Confundem amor com permissividade. Querem fazer a compensação das necessidades que tiveram por meio dos filhos. É lamentável reconhecer, mas existem pais que estão criando os filhos para que usem drogas.
Amar o filho incondicionalmente - e não só quando ele tira uma nota boa na escola - é importante, mas não é suficiente. O que importa é educar. Afinal, as dificuldades vividas pela atual geração também a tornará mais forte para o mundo. Uma boa educação pode transformar a ameaça menos provável, mas quem educa bem não pode se descuidar. Outras variáveis estão envolvidas na sedução: circunstância, curiosidade, falta de auto-estima, vontade de fazer parte de um grupo. Se o problema sempre encontra um gancho pelo qual pode se infiltrar, o jeito é reconfigurar as relações familiares, para que os pais não sejam os últimos a saberem. Nesse conceito de organização doméstica, ninguém faz em casa o que não pode fazer fora dela.
Portanto, os dependentes de álcool devem receber apoio dos familiares, amigos, e da sociedade, para sua recuperação, que uma vez abandonando-se o preconceito e a ignorância sobre o assunto, poderão ajudar os dependentes a resgatarem a saúde e a dignidade.

UMA DOENÇA CRESCENTE
Quem abusa do álcool é incapaz de controlar seus próprios atos. Por isso o alcoolismo requer tratamento médico e psicológico. É considerado uma das doenças que mais atingem os brasileiros, estando em 4º lugar na lista de doenças que mais incapacitam os trabalhadores, segundo relatório da Previdência Social. Em 1996, o SUS (Sistema Único de Saúde) registrou o número mais alto de casos de cirrose hepática no país, doença causada pelo consumo abusivo de bebidas alcoólicas, estando entre as sete principais causas de morte em pessoas acima de 15 anos. O que mais alarmou as autoridades médicas brasileiras foi o número de jovens internados, em estado grave, por causa da bebida: 39.255, sendo que 3.626 destes doentes morreram.

Segundo o Ministério da Saúde, os transtornos mentais causados pelo abuso de drogas são a segunda causa de internações nos centros psiquiátricos públicos e, nos últimos três anos, também se tornaram uns dos cinco principais tratamentos mais procurados nos hospitais convencionais da rede SUS.
Dados mais recentes da Previdência Social apontam que entre janeiro e novembro de 2009, 11331 pessoas receberam auxílio-doença em função do alcoolismo, uma média de quase 34 trabalhadores afastados por dia. Segundo o Ministério do Trabalho, esses trabalhadores faltam em média 26 dias por ano sem justificativa, o triplo do número de faltas de um funcionário comum. A produtividade deles é até 30% menor, e os riscos de acidentes de trabalho são cinco vezes mais elevados.


ALCOOLISMO TAMBÉM É PROBLEMA DE SEGURANÇA PÚBLICA
O consumo de álcool é hoje um dos mais graves problemas de saúde e segurança pública do Brasil, porque:
• É responsável por mais de 10% de todos os casos de adoecimento e morte no país.
• É detectado em 70% dos laudos cadavéricos de mortes violentas.
• Transforma 18 milhões de brasileiros em dependentes do álcool.
• Leva 65% dos estudantes de 1º e 2º grau à ingestão precoce, sendo que a metade deles começa a beber entre 10 e 12 anos;
• Está ligado ao abandono de crianças, aos homicídios, delinquência, violência doméstica, abusos sexuais, acidentes e mortes prematuras.
• Causa intoxicações agudas, coma alcoólico, pancreatite, cirrose hepática e alcoólica , câncer em vários órgãos, hipertensão arterial, doenças do coração, acidente vascular cerebral, má formação do feto; está ligado a doenças sexualmente transmissíveis e gravidez indesejada.


• Impõe prejuízos incalculáveis, atendimentos em pronto-socorros, internações psiquiátricas, faltas no trabalho; além dos custos humanos, com a diminuição da qualidade de vida dos usuários e de seus familiares.
• Além disso, uma parcela (aproximadamente 60%) significativa dos acidentes de trânsito é provocada pela associação da bebida com direção. Somando todos esses fatores, o número de vítimas é muito maior.
Resta saber quando a sociedade vai acordar para o consumo excessivo de álcool no Brasil, um problema crônico.

Caro leitor,
Continue visitando nosso blog e nos próximos dias retomaremos o tema sobre ALCOOLISMO abordando as formas de PREVENÇÃO, RECONHECIMENTO e DIAGNÓSTICO DA DEPENDÊNCIA e TRATAMENTO desta doença que, da forma como se alastra já pode ser considerada um caso de epidemia.
Dedico este artigo a todos aqueles verdadeiramente preocupados seriamente em formar cidadãos saudáveis e equilibrados, livres da escravidão das drogas, aos que querem esclarecimentos de como contribuir para prevenir às pessoas que apresentam tendências ao uso de drogas, a começar pelo álcool, e ajudar a tratar os que já são dependentes e/ou estão mergulhados no fundo do poço, jogados nas sarjetas e na marginalidade, mas, sobretudo, chamar a atenção daqueles governantes que alardeiam que o uso de drogas é um dos assuntos que serão prioritariamente tratados por eles não como caso de polícia, mas como caso de saúde pública.
Meu propósito é contribuir com o desafio de ajudar a resgatar serem humanos a viverem com dignidade, para serem úteis e verdadeiros cidadãos capazes de dar sua parcela de contribuição para um Brasil melhor, sem que jovens e adultos tenham que camuflar suas frustrações e desesperanças, enveredando por caminhos auto-destrutíveis, na maioria sem volta, num suicídio indireto e aumentando a violência e a criminalidade presente no nosso país.

Elisete Souza
Diretora do SINDIPESCOIDE (Sindicato dos Trabalhadores Armadores, Profissionais e Artesanais do ramo da pesca de crustáceos, moluscos, psicultura e carcinicultura em águas doces e salgadas da região da costa do dendê
Conselheira do Jornal O PESCADOR
Sócia da AMABO- Associação dos Moradores e Amigos de Boipeba
Diretora da ONG Cairu Livre- Fundação Ambientalista, de Fomento da Cidadania e Assistência Social de Cairu




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