Pré-sal é o nome dado às reservas de hidrocarbonetos (composto formado por hidrogênio e carbono) em rochas calcárias que se localizam abaixo de camadas de sal. É o óleo (petróleo) descoberto em camadas de 5 a 7 mil metros de profundidade abaixo do nível do mar. A camada tem aproximadamente 800 quilômetros de extensão por 200 quilômetros de largura, que vai do litoral de Santa Catarina ao do Espírito Santo e envolve três bacias: Santos, Campos e Espírito Santo. Vários campos e poços de petróleo e gás natural já foram descobertos na camada pré-sal, entre eles estão o Tupi, Guará, Bem te vi, Carioca, Júpiter, Iara e Libra. A principal é Tupi com uma reserva estimada pela Petrobrás entre 5 bilhões e 8 bilhões de barris de petróleo, sendo considerada uma das maiores descobertas do mundo dos últimos sete anos. Porém, recentemente foi descoberta uma megareserva no poço de Libra, na bacia de Santos, cuja estimativa é dobrar as atuais reservas (de 15 bilhões de barris).
Para extrair o óleo e o gás da camada pré-sal, é necessário ultrapassar uma lâmina d’água de mais de 2.000 metros, uma camada de 1.000 metros de sedimentos e outra de aproximadamente 2.000 metros de sal. É um processo complexo e que requer tempo e dinheiro.
A estimativa do volume encontrado (petróleo e gás) pode chegar a 14 bilhões de barris, segundo a Petrobrás, podendo dobrar com a produção de Libra, ensejando a exportação do ouro negro.
A extração no pré-sal já vem sendo feita desde 2008 pela Petrobrás. A produção teste teve início em 2009, no campo de Tupi. A produção em larga escala está prevista para 2013 ou 2014. O investimento da estatal é da ordem de US$ 114, 4 bilhões para produzir 1,8 milhões de barris diários de petróleo e gás natural até 2020.
A maior dificuldade do processo de extração de petróleo está no fato de que a camada de sal, sob temperatura e pressão altas se comporta como material plástico, o que torna complicado garantir a estabilidade das rochas, impedindo assim a continuidade da perfuração dos poços. Com novas tecnologias empregadas a perfuração se tornou mais estável, reduzindo também o tempo gasto. O primeiro poço perfurado no pré-sal demorou mais de um ano e custou US$ 240 milhões, os mais recentes demoraram cerca de 60 dias e custaram, em média, US$ 66 milhões.
SAIBA COMO É FEITA
A EXTRAÇÃO DO PETRÓLEO ATRAVÉS DO PRÉ-SAL
A perfuração da camada pré-sal é feita com utilização de uma broca |
Reboque do petróleo no local da perfuração |
Acompanhe a ordem
(de cima para
baixo) das figuras e veja como acontece as três etapas de extração do petróleo:
PERFURAÇÃO DA CAMADA PRÉ-SAL, REBOQUE E SUBIDA DO PETRÓLEO
A camada do pré-sal fica a cerca de 300 km da costa brasileira. A plataforma de produção sai do porto com um navio rebocador e se posiciona no local da perfuração. Da plataforma são acionadas, automaticamente, sondas que perfuram o fundo do mar, a camada pós-sal e a camada de sal até alcançar a camada pré-sal. Este procedimento exige a utilização de uma broca que penetra entre 5 mil e 7 mil metros abaixo do nível do mar. Depois que a broca atinge a camada de petróleo e o óleo, estes começam a subir por pressão natural. Em seguida, volta até o buraco aberto pela sonda no fundo do mar.
O petróleo é extraído para a plataforma e escoado para outro navio, responsável pela estocagem do combustível. Do navio, o petróleo é transferido para unidades no continente que farão a distribuição para as refinarias.
PETROSAL
O governo sancionou o projeto que cria a Petrosal - Pré-sal Petróleo S/A. A nova estatal, cuja maior verba foi liberada pelo BNDS, foi criada para gerir os recursos da exploração do petróleo da camada pré-sal. Dois outros projetos tramitaram no Congresso: o que muda as regras de exploração de concessão para partilha e o que cria o fundo social para aplicar os recursos do pré-sal.
O PRÉ-SAL E A POLUIÇÃO
A Petrobrás chegou a anunciar uma tecnologia capaz de capturar o CO2 (gás carbônico) gerado a partir da extração. Na verdade esta tecnologia ainda está em desenvolvimento e a previsão é de que se o Brasil estiver usando todas as reservas estimadas do pré-sal o resultado é que estaremos emitindo ao longo dos próximos 40 anos cerca de 1,3 bilhões de toneladas de CO2 por ano, só com o refino, abastecimento e queima de petróleo, o que contribui de forma absurda para o aquecimento global.
Existem diversas alternativas para a geração de energia e combustível através de fontes limpas, que também gerariam empregos, lucros, independência e progresso, além de garantir a sustentabilidade. Ainda assim os governos preferem optar pelas mesmas fórmulas ultrapassadas, irresponsáveis e prejudiciais ao meio ambiente para justificar dinheiro, desenvolvimento econômico e progresso.
Não dá para acreditar que desenvolvimento, progresso e geração de renda temporária justifiquem tantos bilhões nas mãos de poucos homens, tanta interferência ao meio ambiente, tanta política retrógrada e limitada.
A Petrobrás já deveria estar empenhada em se adaptar ao que há de novo e sustentável e não insistir nesses modelos arcaicos de extração de petróleo. Além disso, o governo deveria se deslumbrar menos com verbas liberadas e investir mais em tecnologias ambientais e na reciclagem, por exemplo. Desenvolvimento acelerado também causa degradação ao meio ambiente e a conta vai chegando através de hecatombes (desastres ambientais que ceifam milhares de vidas).
PRÉ-SAL PODE CUSTAR UM PREÇO SALGADO
Um dos desafios a ser enfrentado pelo país diz respeito ao ritmo de extração de petróleo e o destino desta riqueza. Se o Brasil extrair todo o petróleo muito rapidamente, este pode se esgotar em apenas uma geração, já que se trata de um recurso natural não renovável. Se o país se tornar um grande exportador de petróleo bruto, isto pode provocar a sobrevalorização do câmbio, dificultando as exportações e facilitando as importações, que pode resultar no enfraquecimento de outros setores produtivos como a indústria e agricultura, sem contar com o risco de acidentes ambientais, que poderão interferir no turismo e em toda a vida marinha do nosso litoral. É necessário um grande cuidado com o uso do dinheiro gerado pelo pré-sal, pois no nosso país ainda há muitos escândalos em relação ao desvio de dinheiro público, a exemplo da recente Operação Carcará.
Não devemos ser contra o pré-sal, mas é necessário defender o desenvolvimento de novas tecnologias com o objetivo de minimizar os impactos ambientais causados pela exploração do petróleo em águas profundas.
O mundo ainda não tem como abrir mão da energia do petróleo, mas temos que utilizar uma parte destes recursos para investir na base de geração de energia que dispense o petróleo.
Alertamos para a necessidade do governo usar o pré-sal para desenvolver novas tecnologias de energia limpa, com a criação de novas fontes de geração de energia através do sol, da água, do vento e da biomassa. Hoje, cada vez mais se está investindo nas energias de segunda geração, que são o álcool de celulose e a energia de hidrogênio, o que vai requerer investimentos. Uma parte dos recursos do pré-sal tem de servir para isso.
Defendemos ainda que a riqueza gerada pelo pré-sal seja direcionada para áreas estratégias como saúde e educação e no desenvolvimento de uma tecnologia eficiente para evitar acidentes ambientais como o ocorrido em abril último no Golfo do México, nos Estados Unidos, tragédia que derramou mais de 532 milhões de barris de petróleo no mar, superando os 530 milhões derramados pela Ixtoc nos anos 1979-1980 na Costa do México, ficando marcado como o maior vazamento de óleo da história.
Vale lembrar que o maior responsável pelo aquecimento global é o petróleo. No Brasil isso se materializa em chuvas torrenciais e altas temperaturas, beirando os 35º, em pleno inverno.
GOLFO DO MÉXICO:
imagens consequentes de vazamento de petróleo,
uma triste lição para toda a humanidade
"Só quando a última árvore for derrubada, o último peixe for morto e o último rio for poluído é que o homem perceberá que não pode comer dinheiro." (Provérbio Índigena) |
"A natureza pode suprir todas as necessidades do homem, menos a sua ganância" (Gandhi) |
“O que eu faço, é uma gôta no meio de um oceano. Mas sem ela, o oceano será menor.” (Madre Teresa de Calcutá)
EVOLUÇÃO REQUER SUSTENTABILIDADE
A humanidade, há um longo tempo, relaciona a palavra evolução a esse progresso que conseguimos alcançar às custas de tanta destruição ambiental e prejuízo e sofrimento causado ao próprio homem e aos animais.
Evoluir de forma sustentável possui outro significado. Tem a ver com diversos fatores, como: a capacidade de nos tornarmos melhores a cada dia; o mal que não podemos causar a qualquer outro ser-vivo; e o respeito, solidariedade, soluções eficientes e qualidade de vida.
A evolução deve estar ligada a nossa capacidade de nos sustentar nesse mundo. Não somente visando a preservação da nossa espécie que tanto se engana e erra, mas também para garantirmos a qualidade de vida das outras espécies deste planeta, que, assim, como nós, merecem continuar vivendo.
Nosso planeta não depende de nós, mas nós dependemos dele vivo para continuarmos vivendo. A evolução só é plena quando visa o coletivo.
O bom senso aponta para que o ser humano se preocupe na possibilidade de mudar a si próprio no sentido de se melhorar e, consequentemente melhorar, também, o planeta.
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